No primeiro ano tudo era incerto ainda. Era preciso criar novos espaços, formar profissionais técnicos, realizar o primeiro procedimento. O ano era 2001 e o Hospital Angelina Caron dava os primeiros passos no que seria uma das mais importantes trajetórias na concretização de justiça social em saúde para a população paranaense. Em um ano a equipe multidisciplinar realizou um transplante.
De lá para cá os dados trilharam uma trajetória ascendente. Foram realizados e apresentados em congressos internacionais diversos trabalhos científicos, levando o nome da cidade de Campina Grande do Sul (região metropolitana de Curitiba) aos mais importantes debates da comunidade científica.
Os mais recentes dados divulgados pela Associação Brasileira de Tranplantes, mostram que a equipe do Hospital Angelina Caron realizou em 2018 XX transplantes renais. Esta semana, foi a vez de realizar o milésimo transplante, número que demonstra o compromisso com as bases semeadas no início do programa.
“esses números são muito importantes pois são resultado da consolidação de um trabalho realizado por profissionais dedicados ao assunto transplante há anos. Somos praticamente a mesma equipe desde o início. Mas é também a força e generosidade que todas as famílias de doadores e receptores tiveram em momentos delicados da vida. Os desafios ainda são grandes. Muitos pacientes chegam para a primeira consulta em estágios avançados da doença, que é silenciosa” relata Dr. Carlos Gustavo Marmanillo, nefrologista da equipe.
Segundo dados da ABTO, os números do transplante renal no Brasil não crescem há 7 anos. Comparado com 2018, a taxa de transplante renal com doador vivo, no primeiro trimestre de 2019, permaneceu inalterada, enquanto que a taxa com doador falecido caiu 3,0%.
Apesar de nos últimos anos o Paraná ter se destacado com políticas públicas voltadas a doação de órgãos, resultando nos melhores índices do país, as doações têm diminuído no Brasil. Por isso a importância do trabalho de equipes que se dedicam integralmente ao aumento de sobrevida de pacientes com doenças renais graves.
Personagem importante na doação de órgãos, é a família. Sem a anuência da família não há doação. Do outro lado estão pacientes em fila de espera por um órgão compatível.
“Nossa corrida é também contra o tempo. Infelizmente perdemos muitos pacientes em fila de espera para transplante. Esses nem tiveram a oportunidade de tentar prolongar sua vida com o transplante. Mas a compreensão e a fé de parentes tanto de doadores e de receptores nos animam a continuar lutando”, ressalta Dr. Carlos Marmanillo.
