Uma cerveja refrescante, para um casamento em janeiro!

cerveja
Foto: Divulgação Fonte: https://www.brasserie-dupont.com/fr/dupontproducts/caissette-saison-dry-hopping.

Em uma conversa durante a produção de cerveja com um grupo que sou meio que um tutor, foi combinado com meus ex-alunos da faculdade, o Angelo Simão e o Saulo Swiech, combinamos que meu presente e do Saulo, para o casamento do Angelo no início de janeiro seria cerveja caseira.

Assim, últimos dias eu e o Saulo, junto com o João Pedro Espanha produzimos uma leva de uns 120 litros de uma cerveja no estilo Saison.

Minha ideia foi de fazer duas cervejas leves, refrescantes e que pudessem agradar o paladar de boa parte dos convidados do casamento. Eu sugeri a produção da Saison e de uma Session Pale Ale.

Como sou muito fã da uva Terci, imaginei a saison com notas de tanino, uma leve acidez e uma coloração mais para o liláz, que normalmente a uva Terci proporciona. Nesta quarta-feira produzimos a “session” e colocamos a Saison para maturar, já com a adição da uva terci.

 Segundo a Embrapa, no Brasil essa uva é conhecida por nomes regionais, como por exemplo: ‘Bordô’ no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina; ‘Terci’ no Paraná; ‘Folha de Figo’ em Minas Gerais. Então, esta cultivar de uva tinta possui importância comercial somente nas regiões que apresentem um inverno definido, como os polos do Sul de Minas Gerais e Norte do Paraná, além dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Apresenta ainda, uma alta concentração de matéria corante.

 Para não exagerar muito, usamos somente 4 kg de uva para aproximadamente 100 litros de cerveja. Duas horas depois, tiramos uma prova e já havia aroma e leve sabor do tanino na cerveja. Já na quinta feira (ontem), a coloração começou a se modificar.

 Para vocês terem uma ideia mais clara do que estou falando, vamos abordar um pouco o estilo Saison.

 Este estilo era muito utilizado na região sul da Bélgica (Valônia) pelos agricultores. Produziam a cerveja nos meses finais do inverno, principalmente para que os trabalhadores não ficassem ociosos, bem como para evitar o perigo de acontecer algum problema principalmente na fermentação.

 O consumo era feito nos meses de chuva, bem como para refrescar os trabalhadores no período de colheita (verão). Muitos dos trabalhadores nos meses de verão eram sazonais ou de temporada, os chamados “saisonniers”, e provavelmente foi daí que surgiu o nome do estilo. Estes trabalhadores chegavam a ter direito a até cinco litros de cerveja para cada dia de trabalho

 Aqui vale um adendo, pois nos EUA as cervejas deste estilo muitas vezes são chamadas de Farmhouse Ales, porém este termo não é muito utilizado na Europa.

 Este estilo de cerveja comporta muitas variantes, pois existem versões mais claras e outras mais escuras, que vão até o marrom. Também, desde muito tempo existe a versão mais “leve” que era utilizada para não embriagar os trabalhadores e a versão de “taberna”, que possuíam maior teor alcoólico.

 

Cerveja
Foto: Divulgação

 

Este é o estilo 25B do guia BJCP, e que apresenta as seguintes características:

 Clara e refrescante, que apresenta amargor moderado e um final muito seco. Usualmente é bastante carbonatada pode apresentar especiarias para dar complexidade. O caráter da levedura é frutado, condimentado e não demasiadamente fenólico (cravo).

 Muitas vezes, devido à levedura, apresentam-se as frutas cítricas como laranjas ou limões. Já as notas de especiarias são mais para as pimentas, ao invés do cravo.

 As versões mais claras, como é o caso da que estamos produzindo para o casamento, estas apresentam tons que vão do amarelo-palha ao âmbar. As versões mais escuras podem variar de cobre até marrom escuro.

 Espuma deste estilo deve ter uma longa duração, precisa ser densa e compacta, apresentando uma cor que vai de branca ao marfim. A sua transparência vai de mínima a boa.

 Apresenta ainda, sabor frutado (cítrico), amargor de moderado a baixo e um corpo que vai de leve a médio. O caráter de aquecimento (alcoólico) deve ser bastante baixo, a carbonatação normalmente é muito alta (efervescente). A acidez deve equilibrar o final muito seco.

 Os maltes podem inclusive ser de trigo, de aveia, de centeio ou de espelta. Adjuntos como o açúcar e o mel podem ser adicionados para secar mais a cerveja, assim como para lhe dar mais complexidade. Já nas versões escuras, utilizam-se os maltes mais ricos e mais escuros, porém não aqueles do tipo torrado.

Cerveja
Foto: Divulgação

 

Alguns exemplos comerciais seriam a Fantôme Saison e a Saison Dupont Vieille Provision. Já as Estatísticas Vitais são:

  • Densidade Original (inicial) que vai de 1.048 até 1.065 na versão standard;
  • Densidade Final que vais de 1.002 até 1.008 na versão standard;
  • Apresenta de 20 a 35 IBUs de amargor;
  • A coloração vai de 2 a 30 SRM;
  • O álcool vai de 3,5 a 5.0% (de mesa), de 5,0 a 7,0% (standard) e de 7,0 a 9,5% (super)

 Espero que vocês tenham gostado e entendido o que pretendemos ter como resultado. Em 2020 eu retorno para contar o que aconteceu com esta cerveja.

 Cheers!

 

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Jorge Marcondes e analista de sistemas por profissão e especialista em tecnologias educacionais, graduado e mestre em administração de emprceesas, professor de graduação e especialização no ensino presencial e a distância, degustador contumaz e apaixonado por cervejas artesanais e caseiras. Colunista do portal VRNews desde 2014 e agora do Expresso Livre, abordando o universo das cervejas caseiras e artesanal.

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