A Fiocruz disse que “a forma mais segura de passar o Natal e o Réveillon é ficar em casa e celebrar apenas com as pessoas que moram com você”.
Fonte: Folhapress
Primos distantes reunidos na casa da avó no Natal recebendo beijos de uma tia mais amorosa? Casa na praia lotada para ver a queima de fogos do Réveillon e desejar feliz Ano-Novo aos amigos com um abraço bem apertado?
Nada disso deveria acontecer neste fim de ano em que enfrentamos uma pandemia que já deixou mais de 185 mil brasileiros mortos e que voltou a apresentar alta de novos casos, segundo especialistas.
Mas a própria população promete cumprir o recomendado. É o que aponta uma pesquisa Datafolha, que mostra que 74% dos brasileiros dizem que não pretendem se reunir com pessoas que não vivam na mesma casa durante as festas de final de ano.
Esse número é maior entre mulheres (78%), que costumam apresentar comportamento mais conservador em relação à pandemia, do que entre homens (70%). Idosos também são mais cuidadosos (78%) do que os mais jovens (70%).
Já os mais ricos e mais escolarizados são os que mais pretendem se encontrar com pessoas de fora do núcleo familiar: responderam assim 47% dos que ganham acima de 10 salários mínimos e 37% dos que têm ensino superior completo.
Mesmo entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, notório negacionista da gravidade da doença, a maioria diz que não pretende se reunir com pessoas de fora: 69% dos que avaliam o governo como ótimo ou bom.
A Fiocruz elaborou uma cartilha com orientações para as festas de fim de ano, que deixa claro de cara que “a forma mais segura de passar o Natal e o Réveillon é ficar em casa e celebrar apenas com as pessoas que moram com você”.
Se isso não for possível, a entidade dá algumas orientações para reduzir os riscos: usar máscaras sempre que não estiver comendo ou bebendo, evitar apertos de mão e abraços, dar preferência a locais abertos ou bem ventilados, não compartilhar objetos, levar uma máscara extra e sempre lavar as mãos.
Para quem for organizar recepções, uma opção é limitar o número de convidados de acordo com o espaço de modo a permitir que eles mantenham uma distância de dois metros uns dos outros, evitar música alta para que as pessoas não tenham que gritar ou falar alto (o que aumenta o número de partículas de saliva no ar) e ter sabão e papel toalha no banheiro, evitando o uso de toalhas de pano, entre outras coisas.
Além disso, a Fiocruz orienta a restringir o número de pessoas no ambiente onde a comida é preparada e manuseada, dar preferência a embalagens individuais de bebidas (latas ou garrafas) para que as pessoas possam se servir sozinhas e que uma única pessoa sirva a comida, a fim de evitar o compartilhamento de utensílios.
Mas, para quem está com sintomas relacionados à Covid ou teve sintomas há menos de 14 dias (mesmo que não tenha feito testes), ou quem teve contato com alguém que teve a doença nas últimas duas semanas, a regra é manter o isolamento domiciliar. “Não convide pessoas para sua casa, não faça visitas, nem frequente eventos”, diz a Fiocruz.
Também se deve evitar esses eventos quem faz parte ou mora com pessoas que fazem parte do grupo de risco da Covid-19.
Alguns locais tomaram medidas para evitar aglomerações no Natal. É o caso do Paraná, que tem enfrentado um aumento de casos e prorrogou até 28 de dezembro um toque de recolher noturno, com veto a venda de álcool durante a madrugada e proibição de aglomerações com mais de dez adultos.
As festas públicas de Réveillon foram canceladas na maior parte do país, e mesmo São Paulo, que faria uma festa virtual, com shows online, cancelou o evento.
Outros países também tomaram medidas semelhantes. Portugal impôs toque de recolher às 23h na noite do Réveillon. A Itália proibiu viagens entre 21 de dezembro e 6 de janeiro.
Aqui no Brasil, a pesquisa Datafolha aponta que 84% dos entrevistados não pretende viajar neste fim de ano, seja para visitar a família ou a lazer.
A pesquisa Datafolha foi feita entre 8 e 10 de dezembro com 2.016 brasileiros adultos em todas as regiões e estados do país, por telefone, com ligações para aparelhos celulares (usados por 90% da população). A margem de erro é de dois pontos percentuais.