“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”. A célebre frase imortalizada por Nelson Mandela no livro “Long Walk to Freedom” estava em um dos materiais distribuídos a pessoas de diferentes idades durante as atividades do 4º Circuito de Valorização da Consciência Negra, realizado pela Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer (Semel), no Centro de Artes e Esportes Unificados – CEU Pinhais, no último sábado (26).
Parte das ações que marcam a temática da Consciência Negra tiveram início já no mês de agosto, como explica a bibliotecária Elaine Aparecida Biss, como a oficina criativa inspirada na obra “Bruna e a Galinha D’angola” e a contação de história baseada na história “A princesa e o Sapo”, em que a princesa é negra. “Essa foi uma ação bem legal com a Miss Pinhais Jaqueline. Ela interpretou a princesa, toda caracterizada, inclusive com a roupa de princesa e a contadora Elaine Klein conduziu a história”, detalha Elaine.
Um bate papo com a professora, mestre e doutoranda em educação e diversidade, Sara da Silva Pereira, sobre o tema educação antirracista também esteve na programação. Já a Rua da Cultura do mês de setembro, especial da Consciência Negra, contou com jogos, brincadeiras africanas, oficina de marca páginas com símbolos africanos, entre outras abordagens.
Foi também a partir do mês de agosto que na Biblioteca Pública de Pinhais expôs uma estante deixando em destaque obras com autores negros, ou cujos protagonistas são personagens negros. “São pequenas ações em que vamos buscando construir essa importante conscientização e valorização”, declara Elaine Aparecida Biss.
Com isso, o 4º Circuito de Valorização da Consciência Negra marcou o fechamento do trabalho realizado ao longo desses meses e que tem como data principal o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. Ao longo da tarde do último sábado, a comunidade participou de contação de história, oficina criativa, apresentação de capoeira e Batalha do Rap de Pinhais.
O secretário de Cultura, Esporte e Lazer, Bruno Sitima e a diretora de Cultura, Haline Siroti acompanharam o evento. O CEU também recebeu a programação do Mix Cultural que apresenta o resultado das atividades realizadas pelos alunos das oficinas e projetos do Departamento de Cultura. No local, o público pode conferir peça teatral, além da exposição de desenho e de artesanato.
A aluna da oficina de artesanato da Semel, Maria das Dores, aproveitou sua participação na exposição dos trabalhos realizados por ela e as demais integrantes para assistr a contação de história conduzida por Elaine Klein. Ao final, emocionada, compartilhou o motivo pelo qual a história inspirada em contos africanos a tocou. “Me lembrou minha infância, porque eu vivi aquilo ali, socando pilão, pensando numa melhora, porque a vida era difícil. Vivia na região de Montes Claros, em Minas, e para melhora de vida meus pais vieram para o Paraná. Então, foi melhorando, melhorando e venci”, contou a moradora do bairro Emiliano Perneta, que vive em Pinhais há 25 anos e aqui se estabeleceu ao lado de sua família.
Dia da Consciência Negra
No dia 20 de novembro de 1695 Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo existente no Brasil: o Quilombo dos Palmares, foi traído e morto. Zumbi lutou pela libertação do povo contra o sistema escravista, portanto, este dia tornou-se um símbolo da resistência histórica contra a escravidão e o racismo no Brasil. A data ficou marcada como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, instituída oficialmente pela Lei nº 12.519 de 10 de novembro de 2011.