Programa Supera Rua dá visibilidade e oportuniza entrada no mercado de trabalho

Foto: Divulgação Prefeitura de Pinhais

Lançado em março de 2024, o programa Supera Rua, executado pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) da Prefeitura de Pinhais, nasceu para intensificar ações de transformação social às pessoas em situação de rua. Uma iniciativa pioneira do município, que visa oferecer oportunidades de recolocação no mercado de trabalho e acompanhamento diferenciado para esse público.

O programa teve o preenchimento de 15 vagas ofertadas em 2024 e terá a duração de até um ano. Também é prevista uma transferência de renda proporcional à frequência e à assiduidade dos participantes, que são acompanhados em atividades práticas, de saúde e de assistência social. Eles executam tarefas do cotidiano de trabalho das Secretarias de Meio Ambiente e de Obras Públicas, que acontecem diariamente no período da manhã.

O Centro de Atenção Psicossocial (Caps) desenvolve os projetos terapêuticos em oficinas semanais e o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) realiza todo o acompanhamento social por meio das equipes técnicas do programa e do Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua.

Andrea Aparecida Martins, de 50 anos, é uma das participantes que agora deixa o programa, após ser contratada por uma empresa de serviços terceirizados: “Vivi nas ruas por três anos, mas o Creas sempre esteve comigo. O Caps também foi essencial no meu tratamento. Amanhã começo um novo emprego, e não posso perder contato com o suporte que recebo. Minha trajetória envolveu muitas lutas e superações, incluindo um tratamento de câncer e uma fase de dependência química. Agora estou focada em me reerguer. Minha meta agora é estudar para um concurso público. Sou muito grata, sigo com esperança e determinação para o futuro.”

Além da Andrea, outro participante do programa também conseguiu voltar ao mercado de trabalho. “Não tenho pai, nem mãe, fui criado em orfanato, então minha caminhada toda foi sempre sozinho. Entrei no projeto Supera Rua e gostei muito, aprendi a mexer com maquinários que eu não sabia, na preparação de calçadas, gostei muito do pessoal, eles são uma família para mim. Eu tenho o ensino médio, consegui fazer o curso de vigilante, mas se não fosse o pessoal do Creas, ia ser difícil sozinho. Eu queria voltar para a sociedade, vencer na vida, não digo a bens materiais, mas o psicológico, e hoje, o trabalho eu consegui. É difícil, cheio de altos e baixos da vida, mas eu nunca desisti de mim mesmo”, conta Cleber Timóteo da Silva, de 44 anos, admitido em uma empresa de vigilância.

O Supera Rua também fez com que o Juliano Borges, de 37 anos, voltasse ao acolhimento da família de origem, em Santa Catarina. “Depois de muito sofrer nas ruas, graças ao programa me tornei uma pessoa melhor e pude voltar ao convívio da minha família. Graças também ao programa consegui entender que ainda tenho forças para desempenhar um trabalho e resolvi voltar para o âmbito familiar. Hoje tenho a certeza de que o Supera Rua contribuiu muito para a minha vida de volta para a sociedade, mercado de trabalho e convívio familiar. Agradeço aos profissionais que contribuíram para esse importante passo”, relata.

Da situação de rua à aprovação em concurso público

O acolhimento à população em situação de rua em Pinhais tem diversas frentes de atuação, além do programa Supera Rua. Exemplo de outra forma de atendimento é Leandro Flauzino, de 39 anos, que também buscou a assistência social para reconquistar autonomia.

Acolhido pelas equipes do Creas, ele recebeu o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, foi acompanhado pelo Caps, e teve suporte para conseguir realizar seu desejo de trabalhar e mudar de vida.

Após um acompanhamento feito pelas equipes técnicas, Flauzino se inscreveu em um concurso público da Prefeitura de Pinhais, estudou e passou. A convocação para o cargo de auxiliar operacional ocorreu em junho deste ano, coroando uma jornada de muito comprometimento para recomeçar a vida, agora como servidor público do município.

“Vim pedir uma ajuda do pessoal aqui no Creas e me deram todo o apoio, me trataram muito bem. Eu estava procurando emprego. A assistente social me ajudou a imprimir as provas e eu estudava todo dia um pouco, aí fiz a prova, passando as etapas, e fui convocado”, conta Flauzino.

Para a secretária de Assistência Social, Rosangela Batista, dar visibilidade a essas pessoas é o primeiro passo para a inclusão na sociedade. “É uma população que hoje não é bem recebida pela sociedade de modo geral, porque acabam criminalizando. Todos têm potencial para ser investido e ter uma nova oportunidade. É uma das questões mais importantes para a pessoa, ela se sentir útil para a sociedade e estar em movimento”, afirma.

Sobre o programa Supera Rua, a secretária diz sobre a possibilidade de ampliação das vagas, considerando a janela de oportunidades que se abrem para essas pessoas. “Penso que essas pessoas que saíram e que conquistaram a sua autonomia são pessoas que se sentem acolhidas. O programa vai nos dar ainda muitos retornos – retornos de vida. Vidas não têm preço. Então, a maior valorização são das pessoas que ali estão conquistando uma autonomia e uma liberdade e podendo intervir na sociedade”, conclui.

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