
Uma série de acontecimentos comprovam o despreparo do mercado varejista em relação aos casos de racismo e injúrias no Brasil. Segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, 55% dos consumidores brasileiros são pretos e pardos. Será que um lojista é capaz de saber, por exemplo, como o seu cliente negro se sente ao entrar na sua loja? Será que ele é tratado com o mesmo respeito e qualidade que os demais?
Segundo pesquisa realizada pelo instituto Locomotiva, o preconceito continua, uma vez que 52% dos trabalhadores negros já sofreram alguma discriminação. Além disso, 54% acreditam que brasileiros não reagiriam bem diante de um chefe negro. Por meio da pesquisa se confirma ainda que o preconceito racial é frequente no varejo e demais ambientes públicos, uma vez que 61% dos brasileiros presenciaram uma pessoa negra (preta ou parda) sendo humilhada e discriminada devido à sua raça/cor em lojas, shoppings, restaurantes ou supermercados.
O percentual aumenta para 71% quando pretas. Além disso, 69% das pessoas negras já foram seguidas por seguranças em lojas. Entre as pessoas pretas, o percentual atinge 76%. Além disso, 89% dos brasileiros reconhecem que as pessoas negras sofrem mais violência física do que as brancas.
A partir dos dados, entende-se que é dever das empresas apresentar medidas práticas e efetivas de combate ao racismo. Para Tábata Silva, gerente do Empregos.com.br, portal nacional de recolocação profissional, é papel das empresas, no desempenho de sua função social, contribuir com a redução da desigualdade e eliminar a discriminação dos seus processos seletivos.
“As vagas afirmativas para inclusão racial nas empresas privadas são um ótimo exemplo de por onde as companhias podem começar. Mas essa não é uma responsabilidade exclusiva do RH, todos devem se engajar na luta antirracista”, afirma a especialista.
Um levantamento realizado pelo Instituto Ethos também destaca o ranking dos setores mais preconceituosos dentro do varejo:
1º) Varejo de moda;
2º) Varejo alimentar: com supermercados, lanchonetes e restaurantes
3º) Lojas de cosméticos
A pesquisa aponta inclusive que em termos de preconceito e discriminação, o varejo perde apenas para os transportes e lugares públicos, incluindo escolas e faculdades.
Segundo Tábata, tão importante quanto apoiar pessoas negras, é denunciar os casos que envolvam a si ou um colega de trabalho.
“Nas empresas é necessário ter canais seguros para que as pessoas possam fazer denúncias sem medo de represálias. Promover a diversidade racial no mercado de trabalho é papel de todos, independente do cargo, origem, raça ou crença. Uma equipe diversa é formada por pessoas de diferentes etnias, gêneros e classes sociais”, diz.