Dia destes no meio de um papo sobre cervejas, um amigo me perguntou o que eu faria se estivesse em um evento sem cervejas artesanais para o meu paladar nada normal. Acabei falando de uma prática minha de algum tempo já.

Então, lembrando-me disso esta semana resolvi falar um pouco sobre o assunto, para apresentar para quem porventura não conheça e reapresentar para aqueles que já conhecem pelo menos de nome, uma das minhas bebidas prediletas. Não é o meu preferido Jack Daniel’s, mas é o meu coringa salvador de muitas ocasiões por aí!

Quando estou em local que não tem cervejas que meu paladar se deleite, muitas vezes prefiro ficar na Coca-Cola ou então degustar um delicioso Bitter. E neste caso estou falando mais especificamente do Underberg, com todas suas propriedades.

Então, vamos passar pelas questões um pouco mais técnicas e históricas desta deliciosa bebida, que é uma das minhas prediletas, para um conhecimento um pouco mais adequado.

Desde a Antigüidade, bebidas amargas, feitas com ervas, raízes e folhas, são tidas como milagrosas. Para aqueles que me acompanham aqui por mais tempo, provavelmente agora se lembrarão dos textos sobre Gruit. É quase isso!

Bom, tudo começa com a lógica de que um extrato de ervas é também um extrato da natureza e simbolicamente traz consigo, toda sua força, assim como seus mistérios e seus poderes.

Muitas das antigas bebidas curativas eram amargas, pois é sabido que substâncias amargas estimulam os sucos gástricos que ajudam na digestão e ainda podem ajudar a abrir o apetite.

Portanto, estas poções eram fabricadas sob a forma altamente concentrada, sendo diluídas antes da ingestão, com destilados brancos como o gin, o genebra (ou zinebra, que é uma aguardente a base de zimbro), ou o aquavit (que surgiu na Dinamarca e é um destilado de batatas ou de cereais, que é redestilado com aromatizantes naturais, tais como: o cominho, o funcho, o coentro, o endro, o cravo e a canela), dentre outros.

Bom, já a palavra “bitter” quer dizer amargo, sendo que as bebidas desta categoria geralmente são produzidas à base de ervas e frutas maceradas em álcool neutro e que podem atingir de 20 a 45% de teor alcoólico.

Uma coisa que os bitters possuem em comum, são os aromas e sabores da genciana, do quinino, das laranjas amargas e do ruibarbo.

Estas bebidas vão desde ingredientes para coquetéis como a Angostura, o Péychaud e o Underberg, passam pelos aperitivos como o Campari e o Jagermeister, e chegam inclusive nas sobremesas. Outros exemplos e bitter, são: o Campari, o Carpano Punt e Mes, o Aperol, o Calisay, o Cynar, a Fernet Branca, o Unicum, o Amer Picon, o Hoppe Oranje.

A receita do Underberg é uma mistura de ervas aromática de 43 países distintos, sendo que atualmente a receita ainda é selecionada e misturada pessoalmente pela família Underberg.

A composição da bebida é extremamente pobre em histaminas, rica em antioxidantes e em vitamina B1. A base é um extrato, ao qual se adiciona álcool Kasher (44%) e água mineral fresca, sendo depois acondicionada em barris de carvalho esloveno para a fase de maturação, que leva meses.

Seu poder digestivo comprovado cientificamente, deve-se ao fato da bebida estimular os sucos gástricos e a atividade intestinal, sendo que a opção por garrafinhas de 20 ml, produzidas na Alemanha, seria a dose exata para o bem-estar. O conteúdo da garrafinha deve ser servido em um cálice com 24 cm de altura, criado especialmente para a bebida em 1867.

O Underberg se apresenta com uma cor que vai do âmbar e ao marrom, possui aroma muito intenso de ervas frescas e notas de anis e hortelã, dentre outras. O seu sabor, que evidentemente é amargo e intenso, acaba por ser amenizado devido à doçura proveniente do álcool, pois a bebida não leva açúcar.

A receita da Underberg é mantida em segredo há aproximadamente 170 anos, sendo que somente a família e pelo menos um padre católico conhecem a fórmula da bebida, e não existe nenhum registro escrito. Isso quer dizer que não mais do que seis pessoas conhecem o método de produção da bebida, chamado de “semper idem“. Aqui no Brasil a receita da Brasilberg é guardada por um monge beneditino.

A Underberg é uma empresa familiar que está na 5ª geração e foi fundada em 1846, em Rheinberg, no extremo oeste da Alemanha.

Porém, a marca Underberg desembarcou efetivamente no Brasil em 1932 na Rua Conde de Bonfim, no Rio de Janeiro. Este “bitter” ou “amaro”, como o chamam na Itália, é um digestivo feito à base de cascas de árvore, raízes, frutas e sementes, que facilita a digestão de uma comida pesada.

Inicialmente existia a importação do concentrado do Underberg, da Alemanha, para que fosse finalizado aqui no Brasil. Entretanto, com o advento da segunda guerra mundial as matérias-primas pararam de chegar na fábrica em Rheinberg e o fornecimento do concentrado da bebida para o Brasil foi interrompido.

Assim surgiu a versão tropical da receita, já em garrafas de 920 ml, usando matéria-prima do norte brasileiro. Na época, toda a publicidade era levada pelo “seu Tonico Underberg”, personagem que repetia nas páginas das revistas o bordão “um cálice por dia, dá saúde e alegria”.

Após a morte de Paul Underberg, neto do fundador da empresa, e que comandava a Undergerg Brasil, a família na Alemanha passou a exigir que a empresa brasileira mudasse o nome da bebida, fato que ocorreu em 2005, praticamente meio século depois. A versão brasileira foi rebatizada de Brasilberg e a original voltou a ser importada da Alemanha. A Brasilberg é vendida no Paraguai, Uruguai, no México e na Europa.

Em 1945 encerra-se a guerra e a produção na Alemanha foi retomada com uma versão monodose da bebida, em uma garrafinha de 20 ml, que sobrevive até os dias atuais. Esta foi a estratégia de retomada das vendas. No centro de engarrafamento em Berlim, engarrafam-se 1 milhão de garrafinhas de 20 ml por dia.

Também em 2005 a Underberg de Rheinberg, Alemanha, voltou a ser a única proprietária dos direitos da marca no Brasil, criando a subsidiária “Underberg do Brasil”.

Bom, tudo isso para dizer a vocês que apesar de parecer uma bebida popular que é vendida nos “botecos”, esta é uma bebida que possui pedigree e que possui diversas qualidades.

Lembrem-se que já comentei em textos anteriores que gosto do amargor e do álcool, portanto procuro bebidas com estas qualidades e também cervejas com estas qualidades.

Assim, esta é uma das opções da qual lanço mão quando vou a um estabelecimento que não tem cervejas como prefiro degustar.

Alguns drinks com Undergerg: Rio Negro e Água de valeta.

Espero ter ajudados alguns de vocês a descobrirem uma nova saída para uma situação! Rsrsrsrsrs

Cheers!!!

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