Por Tânia Jeferson
Nos textos anteriores passeamos pelo conceito do Sagrado Feminino, tratamos sobre as faces da nossa deusa interior, como a honra à ancestralidade e a fase mulher. Mas não é possível tratar sobre o Sagrado Feminino sem entender o Sagrado Masculino. Sim, isso mesmo. Feminino e masculino são duas polaridades complementares
Para começar, o masculino e o feminino não devem ser vistos sob o ponto de vista da sexualidade, mas pensados a partir da representação da dualidade presentes em todos os seres humanos independente do sexo biológico.
Partiremos então da medicina tradicional chinesa que nos apresenta o princípio do Yin & Yang, inerentes a todas as manifestações do universo, incluindo nós, mulheres e homens. Exemplifico através da natureza esta dualidade e sua complementaridade:
* Yang representa o masculino – sol, claridade, dia, quente, seco
* Yin representa o feminino – lua, escuridão, noite, frio, úmido
Metaforicamente, o lado esquerdo do nosso cérebro é Yang (masculino) e o lado direito é Yin (feminino). Segundo Carl Gustav Jung, fundador da Psicologia Analítica, existe na psique masculina uma parte feminina que se chama “Ânima” e uma parte masculina na psique feminina que se chama “Animus”.
Esta referência nos mostra que devemos pensar a feminilidade e a masculinidade como independentes, mas complementares. Na mesma esfera devemos entender o Sagrado Feminino e o Sagrado Masculino.
O resgate do Sagrado Masculino
O levante de resgaste do Sagrado Feminino ajuda o homem a enxergar que ele também precisa resgatar o seu Sagrado Masculino. Ao longo das eras, os dons de ação da construção e cooperação da energia masculina foram distorcidos e transformados em destruição e competição.
Apenas tomando consciência do seu real papel, será possível para o homem ressignificar as relações entre si, para que o perdão possa trazer a cura e solução para problemas entre filhos e pais, irmãos, primos, por exemplo.
A mesma cura que as mulheres buscam com o movimento de resgate, o homem também precisa buscar, e se conectar com a Mãe Terra – a Deusa, e o pai céu – o Deus.
Mas não apenas seres individuais, homem e mulher, devem buscar esse equilíbrio. Também precisamos equilibrar essas forças dentro nós: o masculino, na mulher, e o feminino, no homem. E mais uma vez repito: isso não tem nenhuma relação com sexualidade.
A consciência
Os homens se afastaram tanto da sua essência de amor que podem virar motivo de piada entre amigos se demonstrarem interesse por espiritualidade, autoconhecimento ou saberes que fogem à razão.
Ao mergulhar dentro de si nesta busca, o homem se aceita como um ser vulnerável, que pode entrar em contato com suas emoções e externalizá-las sem que isso seja relacionado com sua condição sexual.
Ele se reconhece e se permite viver os sentimentos, a sensibilidade, a criatividade e experimenta a intuição.
Os homens que desenvolvem a consciência e despertam o seu Sagrado Masculino, conhecem a natureza da Mãe Terra e são capazes de honrar e respeitar os movimentos cíclicos das mulheres, pois entende e relaciona com a natureza.
Compreendem os ciclos de impermanência da vida, compreendem seus próprios ciclos de vida e assumem seus papeis e responsabilidade de cada novo momento.
Estes homens conscientes, ao terem filhos, sabem que o cuidado não é exclusivo da mãe. Eles transformam relações de cobrança em relações de amor e respeito, e se reconhecem seres humanos nutridos pela energia masculina e complementados com a energia feminina.
O Sagrado Masculino vem para que todo homem reconheça a si mesmo como um ser humano completo, suficiente apenas por ser quem ele é.
Um masculino curado é aquele que, com muita coragem, conseguiu resgatar a essência do feminino sagrado dentro de si, e por isso consegue honrar e proteger o feminino que se manifesta fora, na forma de mulher, na forma de natureza.
Para curar o Sagrado Masculino, primeiramente devemos curar nosso Sagrado Feminino (independentemente de sermos homens ou mulheres). Desta forma, a balança naturalmente se reequilibra!